quinta-feira, 21 de julho de 2011

Os Desafios da Dignidade Humana (Renata Santinelli)

Muitas vezes me pergunto os porquês de escrever sobre a dignidade humana. Algumas pessoas podem achar que é loucura... Alguns até, numa corrente americanizada dizem que a Dignidade é um conceito inútil.

Ora, eu vivo num país, de origem latina, que preza muito as questões do sentir, do tocar, do olhar o outro. E também pela minha própria constituição humana que me faz sentir um grande inconformismo com as questões sociais tão gritantes em nosso país.

Por que Dignidade? O ser humano possui dignidade inerente em qualquer situação? O que é dignidade? De onde ela vem? E qual seu fundamento através do tempo? Animais possuem dignidade? Por que Kant fez a dicotomia: pessoa possui dignidade e coisa possui valor?

Algumas outras perguntas de fundo mais teórico também permeiam as razões da minha investigação. Ética e dignidade são aliadas? Dignidade está implícita nas regras morais? Dignidade é um conceito inútil?

O fim da Segunda Guerra mundial trouxe grandes mudanças sociais. Ao se defrontar com o uso destruidor da potencialidade científica e tecnológica evidenciado pela guerra, acrescido de enormes arbitrariedades, surge uma busca crescente de parâmetros éticos. 

 Desde o Código de Nuremberg em 1947 e ao advento da Declaração Universal dos Direitos do Homem de 1948, busca-se reconhecer o valor da vida, a importância ao respeito pelo ser humano em sua integridade e conseqüentemente assegurando sua dignidade no viver.
           
Paralelamente os avanços científico-tecnológicos tomaram proporções gigantescas neste último século. A descoberta de vacinas, de medicamentos, de formas de tratamento, trouxe o fim de inúmeras doenças e grande parte de outras já não se tornam mais assustadoras e letais quanto antes. 

Enquanto isso a industrialização crescia, a economia mundial se desenvolvia na sombra do ideal capitalista, proporcionando uma verdadeira explosão no que tange a tecnologia: computadores, celulares, fibra ótica e uma infinidade de outros materiais e equipamentos que se tornaram úteis pra vida humana.
             
Já em 1948 foi promulgada a Declaração Universal dos Direitos do Homem, importante passo para a mudança no modo de agir e refletir humanos. O maior legado deixado pela Declaração Universal dos Direitos do Homem de 1948 é a prerrogativa de que todos os seres humanos em suas diferenças biológicas, históricas, religiosas e culturais, são merecedores de respeito, individualizando-os, como únicos.

É o reconhecimento de que ninguém, independente de raça, gênero, etnia, classe social, nação, ou vertente religiosa pode se considerar superior aos demais. A dignidade humana, aquisição de um valor fundamental, sem preço não é um conceito único. 

Pressupõe-se que a dignidade seja inerente a todas as pessoas e por essa razão, busca-se adequar o termo para se compreender qual o papel da dignidade no discurso da vida. 

A busca de um conceito está longe de ser concluída, mas certeza existente é que só se reconhece a dignidade em si mesmo e se percebe a utilidade deste conceito quando reconhecemos no outro o valor fundamental e inestimável do ser digno.

No próximo Episódio Cultural falarei sobre a Eutanásia.

* Renata Santinelli é mestre em Bioética e professora do curso de Serviço Social do CESEP. renatasanti@yahoo.com.br

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