segunda-feira, 2 de abril de 2012

Degradação Arquitetônica e Cultural


Graças a um manifesto simples que postei no link (MACHADO SAUDADE E NOSTALGIA) no Facebook, sobre o descaso e a degradação arquitetônica  do CASARÃO DA FAMÍLIA BAÉ, uma residência construída em Machado (MG), em 1910, muitas pessoas publicaram seus protestos e insatisfação contra a destruição desse patrimônio municipal. Entre os que manifestaram estão o ex-vereador e advogado Fabiano Signoretti Leite ( mais conhecido como Godão). 

Quando vereador ele havia criado um projeto para a preservação deste patrimônio, contudo, o ex-prefeito - na época - não o sancionou. Fabiano Signoretti teve uma audiência com a Promotora, a qual de imediato entrou de uma ação contra o municio e seus atuais proprietários. 

Espero que vocês possam vir à nossa cidade cobrir uma matéria  que poderá servir como "gancho" sobre o descaso do patrimônio cultural e histórico do país. 

Por favor entrem em contato com o Fabiano Signoretti Leite, com a Sra. Promotora (que atua no Forum Municipal) localizado na Praça Antônio Carlos e com  Rosa (Diretora da Casa da Cultura de Machado) para mais detalhes, ok?

Obs: caso queiram uma foto deste casarão eu enviarei por e-mail a vocês.

Grande abraço a todos

Carlos Roberto de Souza
Machado-MG
(35) 8833-9255
( 35) 3295-9211 / 9212 comercial após ás 14hs

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

SEBOS DO NOVO MUNDO!


Não precisamos voltar muito ao passado, vamos tomar como base o começo da década de noventa. Quem não se lembra da velha aparência dos Sebos. Cubículos quase sempre em ruas de pouco movimento. E o choque visual, porque não dizer, sinistro, a pouca iluminação, o ar carregado de pó e umidade, o ambiente mal acabado, com paredes envelhecidas; efeito do tempo. Eu cheguei a ver até uma aranha no ato de seu trabalho.
            Esse processo de transição passou até mesmo despercebido pelos nossos olhos. Os sebos mudaram radicalmente, parei em frente a um, num destes dias rotineiros, fiquei parado olhando a fachada e pela porta de vidro observei o interior. Juro que não sabia se era um sebo ou uma livraria, entrei e observei a arrumação das estantes, os livros recuperados, visualmente davam para perceber que foram cuidadosamente restaurados.
E porque não falar das raridades que se encontram, da literatura de época com os grandes e renomados autores. Encontrando as raridades de autores desconhecidos, aqueles que não encontram o espaço de edição nas editoras e, fazem independentemente suas publicações, estas com um número reduzido de exemplares, que com o passar dos tempos se tornam raras.
Estava ali parado, sei lá! trinta segundos, ou mais, não sei ao certo, pois,  o tempo é relativo quando se está fascinado. Foi quando fui abordado por uma gentil senhora, com um sorriso expressivo que me disse __Em que posso ajudar? __Estou somente observando.__ respondi também com um sorriso recíproco  __Fique a vontade, se precisar estou a sua disposição.
Logo se percebe que o tratamento é equivalente ao ambiente, a educação e bom tratamento que dispensam a seus clientes. Percebi logo que o tratamento era igualitário a todos os que adentravam a loja, sem discriminação pela posição social e até mesmo cultural.
Decidi fazer uma pesquisa em outros sebos paulistanos, tudo bem, uma pesquisa empírica (sem bases sólidas), mas com o intuito de sentir a pulsação. Fui a diversos, e vi quase que o mesmo, em ambiente e tratamento pessoal. Conversei com os funcionários para saber que perfil tinham os freqüentadores. Tive uma surpresa, pois, conforme os informais bate-papos, um fato relevante e importante: os freqüentadores são tanto da classe alta como da classe baixa, as pessoas de baixa renda freqüentam sebos, não só para livros didáticos, com custo mais baixo conforme sabido, mas também pelo puro prazer da leitura de romances.
Vocês, informalmente, mas respeitosamente, se quiserem saber mais detalhes da nova face dos sebos, proponho que faça uma visita pessoalmente. Encontram-se nos grandes centros urbanos e, ruas conhecidas onde se aglomeram lojas de produtos distintos.

Sérgio Ricardo é escritor e autor do livro “Decadência ou Glória

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

HOMENAGEM AO HOMEM QUE PILOTAVA OS SONHO

Conheci Pelin em 2005 através de meu pai. Eu estava coletando dados para a edição de uma revista que resgataria a trajetória do cinema machadense. Desde então nutri uma grande amizade e respeito por esse cidadão. 

Ao lado do pai (Seo Oliveira) e o irmão Jorge, desempenhou várias funções no antigo Cine Limeira. Pelin nasceu José Trindade de Oliveira Filho. Seu apelido se referia a um antigo dirigível (o Zepelin) construído por um barão alemão. Em 1955 trabalhou na Rádio Difusora, cujo diretor era Walter Mattos Reis. 

Com a morte do pai, em 1963, Pelin retornou ao cinema para cuidar da projeção. Em 1974, sob a direção do Sr. Fernando, todos os antigos funcionários foram demitidos. Pelin passou a se dedicar a sua outra paixão: o futebol. 

Ao assumir o posto de Diretor de Esportes teve como objetivo principal, treinar e descobrir novos talentos... E conseguiu, mesmo sem ter o apoio necessário!
Finalizo essas poucas linhas com a certeza de que ele cumpriu sua missão. Nós, machadenses perdemos um bom amigo; a cidade perde um grande cidadão.  

Embora tenha-se fechado as cortinas da vida , o filme ainda continua...

* Carlos Roberto de Souza
Foto: Folha Machadense

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

AS MAIORES RIQUEZAS

Pascoalzinho (nascido Alcides Alves da Silva) em Machado-MG, em 1952 é muito conhecido por sua alegria e pelo amor às antigas tradições. O apelido veio do avô, o Sr. José Lourenço da Silva. Aos seis anos perdeu sua mãe – Rita Alves da Silva – sendo criado por sua madrasta. Do pai herdou a profissão de pedreiro e a arte de consertar relógios e sanfonas.
            
 Seu pai lhe deu de presente uma “pé de bode” – antigo modelo de sanfona. Aliás, foi graças ao irmão Dionísio – lassallista que lecionou no Colégio São José – que Pascoalzinho aprendeu a dominar este e outros instrumentos. “Meu pai não teve estudo; aprendeu tudo de ouvido: na escola da vida”, e completou: ”Na minha infância a gente caçava rãs, saracuras, onde hoje é o campo do Guarani. Tinha leite à vontade, vendido em carroça e hoje, praticamente, não se vê mais isso.”
            
 Nos anos 60 foi carroceiro e, juntamente com alguns amigos dragava a areia do leito do rio Machado com tração de muares. Em 1968 um triste episódio abalou a cidade: seu amigo Marcelo estava atravessando o rio com uma tropa, quando inesperadamente todos foram arrastados pela correnteza. Seu corpo foi encontrado cinco dias depois...
            
 Casado com Pedrina de Fátima Moura da Silva e pai de quatro filhos, Pascoalzinho vem se dedicando à montagem artesanal de cata-ventos, birutas; instrumentos de percussão e carros-de-boi feito de madeira. O amor e a dedicação pelas tradições folclóricas o levaram a fazer parte – como sanfoneiro – na Companhia de Reis do Jamil.

A vida sempre imita a arte (Roberto de Souza)


Até onde o cinema interfere e estimula a capacidade criativa do homem? É impressionante como evoluções passadas e futuras da Medicina sempre têm um relacionamento muito próximo com a imaginação fértil de um cineasta e seus efeitos especiais. Juntas, a Medicina e a Engenharia, colaboraram fielmente para os avanços da cardiologia e reabilitação motora, utilizando princípios físicos, bioquímicos e fisiológicos. Quem não se lembra de filmes como: Blade Runner, O Caçador de Andróides com ator Harrison Ford (1982)? Falava sobre um ex-policial que era obrigado a descobrir e eliminar “replicantes” (andróides) no ano de 2019; ou, Star Wars, lançado em 1977, utilizava armas lasers contra o vilão Darth Vader.

Ficção científica ou realidade?

Na Engenharia de Reabilitação utilizam-se métodos biomecânicos no desenvolvimento de braços biônicos para vítimas de amputação. Sensores são conectados em pontos específicos no corpo do paciente onde transformam sinais fisiológicos transmitidos por ondas celebrais em sinais elétricos compreendidos por microprocessadores, promovendo movimentos naturais como de um braço real; não esquecendo os transdutores de calor (eletrodos), responsáveis por detectar objetos com temperaturas elevadas para não ocorrer nenhum dano à borracha que reveste o braço biônico (simulando um tecido).

A fusão homem/máquina na Medicina nunca foi uma novidade, apesar de “despercebida”. Equipamentos como ventiladores- pulmonares, hemodiálises e circulação extracorpórea que faz o sangue circular enquanto o coração do paciente está parado para a cirurgia, mostram esta realidade que no passado era apenas ficção. Novas tecnologias estão sendo desenvolvidas na Bioengenharia, como o coração mecânico, que no futuro muito próximo, irá amenizar a dor de pacientes que esperam por uma doação, além do já conhecido marca passo, que simula o nódulo sino atrial responsável por emitir corrente elétrica que gera o batimento cardíaco.

Temos: braço biônico e marca passo. Na falta de rins temos hemodiálise e, na falta de pernas, próteses biônicas com fibra de carbono e várias outras parafernálias que a Engenharia Biomédica pode criar. Bem ou mau, o que se espera para 2019 na era da nanotecnologia? Andróides? Quem sabe.
* Especialista e Mestrando em Engenharia Biomédica (Unicamp/SP)

Foto: http://oglobo.globo.com/blogs/arquivos/alt_PH2006091302274%5B1%5D.jpg

A ÚLTIMA SESSÃO DE CINEMA (Marco Antonio Soares de Oliveira)


Nos últimos instantes, quando a projeção do filme foi encerrada, Sidney do Prado de Souza, desceu da sala onde ficava a cabine de projeção, esfregou as mãos de contentamento por mais uma noite, que oferecia ao público alfenense mais uma sessão de ilusão no Cine Alfenas, e deu por cumprida a missão. Isso aconteceu na década de 60, quando o cinema encerrou suas portas. 

Assim também aconteceu na vida real. Aos 85 anos de idade, agora cinéfilo inveterado, o sr. Sidney encerrou mais uma sessão cinematográfica, na manhã de 27 de março último.  O ex-projecionista descansou em paz.

O sr. Sidney sempre foi um cidadão preocupado com a memória cultural e histórica de Alfenas. Revelou-me tempos atrás, que tentava recuperar o relógio original da Matriz de São José e Dores e o que restou da aparelhagem de projeção do extinto Cine Alfenas. Contava-me sempre do seu esforço de conscientização das autoridades para essas restaurações e eles não davam a mínima. 

Sr. Sidney não adianta preocupar-se com  o descaso para com a arte, que sempre foi característica desses homens sem formação cultural relevante.  Sempre mantive contato com o grande guerreiro da 7° Arte. Vinha, às vezes, em casa para folhear álbuns de artistas e do mundo do cinema.

Estava tão envolvido com lembrança dos bons filmes do passado, que passava horas naquele enlevo sentimental. E eu observava a pertinência em cultivar a memória cinematográfica, que recordava os anos de projecionista primeiramente do Cine Pathê, depois do Cine Teatro Carlos Gomes (até outubro de 1924), seguido do Cine Alfenas desde 1943, quando foi inaugurado com o filme “Sempre no Meu Coração”. 

Com orgulho me disse que “sessenta e seis anos, não de um cinema em atividade, mas de um prédio que ainda ostenta as mesmas características de quando foi inaugurado, sendo na época um dos mais suntuosos edifícios aqui erguidos, na Praça Getúlio Vargas”. Naquela época o ex-projecionista ainda me revelou que no Cine Alfenas, no segundo dia foi projetado o filme da Metro: “Rosa de Esperança”, e no terceiro “Isto Acima de Tudo”, da Fox. “Foi uma semana de festa”, exclamou.

Ainda diz mais: “Quando se ouvia o prefixo do Cine Alfenas, “Sempre no Meu Coração”, dentro de poucos minutos, as salas estavam lotadas para ver grandes filmes, que eram exibidos por mim, que nos meus 85 anos de existência e 30 anos como funcionário do Cine Alfenas não deixo de recordar os anos de enlevo pelo extinto Cinema”. Sidney Prado de Souza revelou também que foi para S.Paulo e lá trabalhou por muitos meses no “Cine Metro” da capital paulista retornando logo em seguida para a sua cidade natal em 1955, trabalhando de novo no Cine Alfenas, para os então proprietários, os irmãos Mutrans, que o haviam comprado de Juscelino do Prado Barbosa, e dirigiram o referido cinema por mais uma década, até a sua venda para os Irmãos Iunes: Jamil e Antônio.

“Lembro-me ainda de que a inauguração foi documentada pelo repórter cinemagrafista “Jean Mazon” do Rio de Janeiro, indiscutivelmente ligado à história do Cine Alfenas”. Não resta dúvidas de que este grande batalhador pela cultura de Alfenas, deveria ser sempre lembrado como um dos provedores da Arte em nossa cidade e perpetuado com digna lembrança no Patrimônio Histórico de Alfenas. 

Devemos todas as nossas considerações e homenagens a este desbravador alfenense que muito fez para a nossa terra. Não deixo de lembrar e compará-lo ao projecionista do filme “Cinema Paradiso”, que revelou que a alma humana precisa de sonhos para viver. E Sidney cumpriu e desenvolveu esse mister perfeitamente bem. Nós que vivemos essa geração do escurinho no cinema sabemos o valor do projecionista, o mágico da tela, que nos mostra esse mundo fantasioso e encantador do cinema .Agora neste presente momento Sidney deve estar projetando filmes para os anjos e santos do céu!                                                   


*jornalista e escritor.

A SANTA (Robson Amano)


Na minha terra tem uma "Santa",
Que não faz milagre algum.
Nas mãos do rico traz fartura,
No bolso do pobre, sem nenhum.

"Santa" é teu santo monopólio,
Aumenta os bens, enquanto "multiplica o pão".
Quem não comungar com a "Santa" tá queimado,
Queimado pela "Santa" inquisição.

Seria a "Santa" do milagre econômico?
Igual ao "gênio" milagreiro de "74" da "Garrafa Azul"?
Mas por que quem recolhe o dízimo esta em outro Estado?
Estado de graça, de São Paulo, do Rio ou do Sul?

Êita santa do pau-ôco!
Mais ôco que pau de sururu!
Mais ôco que côco sem água de côco!
Mais ôco e grosso que bambú-açu!

Quem tá com a “Santa” está no paraíso,
E onde ela passa tem subvenção.
Na troca do milagre o clientelismo;
E mais uns 10 anos de Isenção.

Eita Madre, Santa sacanagem!
Santa dos pés sujos, Santa dos Fariseus.
Ora pro Nobis Trabalhadores.
E ainda nos explora, em nome de Deus!

Robson Amano, é bacharel em história, músico, compositor e tatuador.