quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

SEBOS DO NOVO MUNDO!


Não precisamos voltar muito ao passado, vamos tomar como base o começo da década de noventa. Quem não se lembra da velha aparência dos Sebos. Cubículos quase sempre em ruas de pouco movimento. E o choque visual, porque não dizer, sinistro, a pouca iluminação, o ar carregado de pó e umidade, o ambiente mal acabado, com paredes envelhecidas; efeito do tempo. Eu cheguei a ver até uma aranha no ato de seu trabalho.
            Esse processo de transição passou até mesmo despercebido pelos nossos olhos. Os sebos mudaram radicalmente, parei em frente a um, num destes dias rotineiros, fiquei parado olhando a fachada e pela porta de vidro observei o interior. Juro que não sabia se era um sebo ou uma livraria, entrei e observei a arrumação das estantes, os livros recuperados, visualmente davam para perceber que foram cuidadosamente restaurados.
E porque não falar das raridades que se encontram, da literatura de época com os grandes e renomados autores. Encontrando as raridades de autores desconhecidos, aqueles que não encontram o espaço de edição nas editoras e, fazem independentemente suas publicações, estas com um número reduzido de exemplares, que com o passar dos tempos se tornam raras.
Estava ali parado, sei lá! trinta segundos, ou mais, não sei ao certo, pois,  o tempo é relativo quando se está fascinado. Foi quando fui abordado por uma gentil senhora, com um sorriso expressivo que me disse __Em que posso ajudar? __Estou somente observando.__ respondi também com um sorriso recíproco  __Fique a vontade, se precisar estou a sua disposição.
Logo se percebe que o tratamento é equivalente ao ambiente, a educação e bom tratamento que dispensam a seus clientes. Percebi logo que o tratamento era igualitário a todos os que adentravam a loja, sem discriminação pela posição social e até mesmo cultural.
Decidi fazer uma pesquisa em outros sebos paulistanos, tudo bem, uma pesquisa empírica (sem bases sólidas), mas com o intuito de sentir a pulsação. Fui a diversos, e vi quase que o mesmo, em ambiente e tratamento pessoal. Conversei com os funcionários para saber que perfil tinham os freqüentadores. Tive uma surpresa, pois, conforme os informais bate-papos, um fato relevante e importante: os freqüentadores são tanto da classe alta como da classe baixa, as pessoas de baixa renda freqüentam sebos, não só para livros didáticos, com custo mais baixo conforme sabido, mas também pelo puro prazer da leitura de romances.
Vocês, informalmente, mas respeitosamente, se quiserem saber mais detalhes da nova face dos sebos, proponho que faça uma visita pessoalmente. Encontram-se nos grandes centros urbanos e, ruas conhecidas onde se aglomeram lojas de produtos distintos.

Sérgio Ricardo é escritor e autor do livro “Decadência ou Glória

Nenhum comentário:

Postar um comentário