quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

PRIMEIRAS FILMAGENS NO SUL DE MINAS (Marco Antônio Soares de Oliveira)

O cinema nacional, apesar das dificuldades e monopólio das empresas americanas, que tomam noventa por cento das salas de projeções no país, vai de vento em popa. Os filmes nacionais estão escalando o "ranking" de bilheterias nas salas de exibição do território. O cinema falado deu um impulso formidável após a década de vinte,  com o aparecimento de diversos focos de criação em pontos espalhados da nação brasileira, além de Rio e São Paulo. 

De acordo com o notável  batalhador pelo nosso cinema, Paulo Emílio Sales Gomes, de inesquecível memória(1916-1977), autor do livro "Cinema: Trajetória no Subdesenvolvimento", da Editora Paz Terra, 1996, relata o papel  estimulante de nossa produção cinematográfica a partir de 1923 com filmagens em Campinas, Recife e Belo Horizonte, estendo-se o movimento ao Rio Grande do Sul e diversas cidades mineiras do interior, sendo que numa delas, Pouso Alegre, já em 1921 haviam  sido ensaiadas  fitas de enredo. 

Diz ele que o pioneiro foi Francisco de Almeida Fleming, nascido em Ouro Fino, no ano de 1900:  "Pertecendo a uma família de recursos, dona de alguns cinemas na região, bastante cedo Almeida Fleming(pág.52) maneja uma câmara; aos vinte anos realiza seu primeiro filme posado, de curta-metragem, "A Canção do Bandido", seguindo-se  "In Hoc signo Vincis", fita mística mais longa e ambiciosa, com reconstituições de época."                           

Diz o Autor que a presença de Almeida Fleming e do ator Paulo Rosanova  impulsionaram o setor. Já em Guaranésia, o pioneiro foi Américo Masotti - durante sua breve vida - animou um grupo que produziu o filme "Corações em  Suplício.  "Mas a cidade mineira que deu real importância cinematográfica ao Estado, ressalta, foi Cataguases. Os desbravadores foram o artesão italiano Pedro Comello e Humberto Mauro, que iniciam-se  em 1925, munidos de  uma "Pathé-Baby", filmam uma história de cinco minutos, "Valadião, o Cratera."                                                                                           

 Em Alfenas, as primeiras filmagens foram produzidas por Idalécio Esteves(direção), Ivan Esteves(assistente de direção), padre Josef Raam(montagem e música), José Ângelo Aprelini(câmara e fotografia) que realizaram o curta de 8 milímetros, "Escolhi a Morte". O elenco contou com os alfenenses:  Glenan Singi, Lincoln Westin da Silveira, Alaor de Carvalho Moura, Wilson Silveira de Oliveira, José Antônio Neves, Roque Victor, Juarez Oliveira, Kurt Wagner e Onofre Moreira.                                                                 

Na década de 60, foi filmado na mesma cidade, do texto do teatrólogo Waldyr  de Luna Carneiro, a película O Levante das Saias", cujo tema era a revolta das mulheres em relação aos seus maridos.   Já em Guaxupé,  na década de 70, foi filmado um western de ação explosiva, "A Última Bala", com Francisco  DiFranco, Pepita Rodrigues, produção e direção de Luigi Picchi, onde também atuou como coadjuvante o guaxupeano José Ácula, antigo proprietário da Churrascaria Bambu.  

 A fita anos depois começou a deteriorar-se mas foi salva pelo competente fotógrafo Clayton Abrão, que tinha trabalhado antes na Cinemateca de S. Paulo.  Em Machado, um dos pioneiros da cinematografia foi o gerente de hotel, Hélio D!Ándreia  que produziu o filme "O Bandido da Serra Abaixo".                                                 



jornalista e escritor.                                                                  

Nenhum comentário:

Postar um comentário