segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Mundo da Imaginação (Edhiene Braga)

A nossa vida aos poucos nos dá vestígios do Caos anunciado; os conflitos internos e as dúvidas existenciais freqüentes nos confundem perante a realidade de um mundo virtual.  

Somos afetivamente pessoas carentes e usamos quem nos diga que nos ame e que nos adore, mesmo que ditas, essas palavras, não com a emoção e sim da boca para fora. Os contatos verdadeiros são realidade bem distante.


Seguro firme o meu pacote de cartas, já amareladas pelo passar dos anos, são remetentes do mundo inteiro, venho da geração de amigos por correspondência. Sinto falta de tal cumplicidade, mas essas são as fases de uma vida onde os seres humanos vem e se vão, cada qual em um momento.


Faz anos que não recebo uma carta, neste momento percebi que a vida tem seus regressos. Vejo a minha caixa de e-mail repleta de apresentação de slide, uns até são engraçadinho, mas muito me entristecem, essas coisas foram repassadas automaticamente para mim e mais umas cinqüenta pessoas.

E a ternura e o afeto, onde é que ficam?

Imagino um mundo onde cada dia que se passa as pessoas vem sendo substituídas por máquinas que suprem os nossos esforços e nos tiram a dignidade. 

Esse novo segmento de vida nos afasta da sociedade, perdemos a sensibilidade, somos escravos de recados escritos no ORKUT e deparamos com a realidade quando a pessoa se mantem na nossa frente e não nos diz nada, tampouco sentimos o calor do seu abraço...


Fonte: Braga, E. Crônica. Procura & Acha. Machado, 27 julho 2007. p. 5.
* Poetisa e aluna do 2° Período de Pedagogia (CESEP/Machado-MG

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